A consciência na prática do yoga: consciência da respiração

A consciência na prática do yoga: consciência da respiração

Onde existe consciência, existe vida. No yoga, a consciência pode ser dividida em três núcleos: consciência do corpo, consciência da respiração e consciência da mente. Falaremos sobre cada um deles separadamente, mas é bom lembrar que eles estão em constante interação. São inseparáveis – da mesma forma que os passos do aprendizado e da prática do yoga, de acordo com Patanjali. O yoga propõe integrar e aprimorar os aspectos internos (psíquico e espiritual) por meio dos aspectos externos (que estão no físico). Por meio do corpo como instrumento, podemos desenvolver as dimensões mais sutis. 

gosto em respirar

O controle da respiração, denominado pranayama, é uma parte essencial, indispensável para a prática do yoga.  Ela serve de alicerce para o aprendizado de outras técnicas.

No yoga precisamos, portanto, conhecer a própria respiração, entender como ela funciona. Para isso, devemos vivenciar as várias formas de respirar. O yoga não diz que existe somente uma forma correta de respirar. Em vez disso, nos ensina como utilizar toda a capacidade respiratória de quatro formas distintas: respiração baixa, média, alta ou completa.

meditar zen

Com o tempo, começamos a distinguir qual é a melhor para determinado momento, lugar e circunstância. Seja durante a prática de hatha yoga (por exemplo, durante uma aula), seja vivenciando o yoga em outras situações do dia a dia, a consciência da respiração (ou na respiração) é fundamental.

Quanto mais controle temos da respiração, mais controle temos do corpo. A exigência em uma posição (asana) interfere na respiração, e o que buscamos durante a prática é justamente inverter esse processo. Por meio da respiração relaxada é possível, por exemplo, permanecer em uma posição desafiadora, adaptando-se e entregando-se, desfazendo o esforço interno.

posição do guerreiro montanha

Quando você se conscientiza de determinada região do corpo, pode intencionalmente levar mais oxigênio e energia para esse local. Através da consciência, você pode interferir no fisiológico, pode incrementar a circulação sanguínea e também interferir na fisiologia sutil, desbloqueando os canais de energia. Tudo depende de empenho, dedicação e prática. E, para termos ânimo nessa constância, podemos lembrar dos benefícios transformadores – como autoconhecimento, vitalidade e incremento de sua própria prática de yoga.

Namastê!

Silvia Oliveira

Quer dormir melhor? Experimente fazer essa sequência de asanas

Quer dormir melhor? Experimente fazer essa sequência de asanas

Pratique yoga para diminuir a ansiedade e trazer mais tranquilidade, melhorando a qualidade do sono. Segue sugestão de sequência de asanas -posições de yoga – para você dormir melhor!

 vajra hamsasana
cisne – anteflexões sentadas com as pernas flexionadas
sukkha-lolasana
sukha lolasana
balanço – balanço sobre as costas
bitilasana
bitilasana
posição da vaca
marjaryasana
marjaryasana
posição do gato
posição da criança
   balasana
posição da criança
baddha-konasana
 baddha konasana
posição entrelaçada do ângulo
 supine-spinal-twist-jathara-parivartanasana
 jathara parivartanasana
torção deitado
 back-stretching-pose-paschimottanasana1
raja paschimotanasana
posição da pinça – alongamento posterior intenso
dwi-pada-pitham-1
dwi pada pitham
 posição da mesa de duas pernas
simple_yoga_stretches_to_relax_and_support_your_pelvic_floor-apanasana
apanasana
posição deitada de costas e com a perna de encontro ao peito
SEQUÊNCIA DE POSIÇÕES RESTAURATIVAS NA PAREDE
soothing-restorative-poses-2
soothing-restorative-poses-1
soothing-restorative-poses-3
soothing-restorative-poses-4
svara-savasana
svara shavasana
corpo sem vida – relaxamento deitado
 favorável para praticar respiração diafragmática
shavasana-na-grama
shavasana
posição do morto
meditar-en-la-cama1
sukhasana – posição fácil
favorável para praticar meditação
Você pode marcar o tempo de permanência em cada posição em número de respirações. Por exemplo, cinco respirações em cada. Depois, com a prática, você poderá ampliar esse tempo, sempre expirando devagar. Mantenha um ritmo tranquilo durante a sequência e enquanto faz a passagem de um asana para o outro, garantindo assim a qualidade da concentração. Respeite seus limites e história corporal. E, acima de tudo, cultive o estado de presença, permanecendo o mais possível no aqui e agora.

Esses são alguns dos muitos aspectos normalmente observados durante uma aula de yoga. Com bom senso e auto-respeito, experimente essa sequência de asanas que poderá ajudar a promover um sono renovador!

Namastê!
Silvia Oliveira

 

Dicas para um sono tranquilo

Dicas para um sono tranquilo

Você deita, fica rolando na cama, e o sono parece bem longe de querer aparecer. Se você sofre desse problema, não está sozinho. Com a agitação do mundo moderno, os problemas para dormir são cada vez mais comuns e podem ser causados por motivos diversos – tais como ansiedade, preocupação, excesso de trabalho ou de cafeína. E não existe coisa pior do que deitar na cama e não conseguir dormir.

Se o problema é uma constância na sua vida, o melhor é procurar um especialista. Algumas dicas, porém, podem ajudar a amenizar a falta de sono na hora de dormir, principalmente se isso acontece apenas de vez em quando.

– tente manter o costume de deitar e acordar sempre na mesma hora, mesmo nos finais de semana.

– procure não dormir durante o dia – as costumeiras “sonecas” podem piorar a qualidade do sono no horário de dormir.

– à noite, faça refeições leves, para não sobrecarregar o sistema digestivo.

– procure fazer do quarto um local apenas para dormir, sem televisão ou computador. Comece a relaxar e se “desligar” pelo menos uma hora antes de ir para a cama.

dormir-bem bebê

– reduza a cafeína, principalmente depois das 17h. O álcool também atrapalha o sono.

– tome chás calmantes à noite, como valeriana, capim-limão, camomila, alfavaca e maracujá. Só não exagere, para não ter que se levantar de madrugada para ir ao banheiro.

– tome um copo de leite morno com uma pitada de noz-moscada antes de dormir.

– faça massagem nos pés com óleo vegetal e uma ou duas gotinhas de óleo essencial de lavanda.

– tome um banho morno relaxante. Se quiser usar óleos essenciais para relaxar, melhor ainda!

– evite fazer exercícios à noite. Para algumas pessoas, eles são altamente estimulantes.

– faça um relaxamento ou yoganidra antes de dormir. Pode usar uma gravação para ajudar ou músicas tranquilas ou sons de natureza.

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– evite medicamentos para dormir. Eles podem causar dependência e, depois de algum tempo, você não conseguirá dormir sem eles.

– pratique yoga para diminuir a ansiedade e trazer mais tranquilidade, melhorando a qualidade do sono. Algumas posturas, como baddha konasana (postura entrelaçada do ângulo), upavishta konasana (postura sentada do ângulo), paschimottanasana (postura da pinça), balasana (postura da criança) e savasana (postura do cadáver) são sedativas e ajudam a relaxar. Evite práticas muito fortes pelo menos três horas antes de deitar, pois podem excitar demais o sistema nervoso. Veja aqui uma sugestão de sequência de asana – posições de yoga – para melhorar o sono.

relax na natrureza

– faça pranayama (exercícios respiratórios) relaxantes antes de dormir, como a respiração diafragmática – aquela que realizamos naturalmente quando bebês, movimentando o abdômen. Aqui um passo a passo:

  1. Deite-se com as pernas flexionadas, a planta dos pés no chão, as mãos abaixo do umbigo e a ponta dos dedos médios se tocando. Feche os olhos e inspire pelo nariz, contando até 4 e sentindo o abdômen inflar. Expire pelo nariz bem devagar, até murchar o abdômen completamente.
  2. Com as mãos na altura das costelas, repita a respiração.
  3. Com as mãos sobre o peito, inspire pelo nariz contando até 4 e sentindo o abdômen inflar. Segure o ar o tempo que aguentar. Expire pelo nariz até murchar o abdômen completamente. Repita a respiração quantas vezes achar necessário ao longo do dia.

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A qualidade do sono reflete nosso dia a dia. Nossas emoções, dieta, movimento – enfim, os hábitos diários – pedem autodisciplina e moderação. A prática de yoga nos dá o suporte necessário para termos maior consciência do corpo, da respiração e da mente. E o resultado é um sono mais tranquilo e renovador.

Namastê!
Silvia Oliveira

Respiração da alma – Pranayama

Respiração da alma – Pranayama

Respirar profundamente estimula o funcionamento dos órgãos e vísceras (principalmente coração, estômago, rins e intestino), que, por meio dos movimentos respiratórios, recebem uma massagem. O controle da respiração, denominado pranayama, é indispensável para a boa prática do yoga e serve de alicerce para o aprendizado de outras técnicas.

Prana é a energia que está presente em tudo o que é vivo. É a respiração da alma, e rege emoções como entusiasmo, coragem, alegria. Regula também todas as nossas funções orgânicas e físicas. Pedro Kupfer, no Dicionário de Yoga, diz que o volume de prana que circula no corpo determina o grau de vitalidade de cada indivíduo. Entre as principais fontes de prana estão a luz e o calor do sol, alimentos, água e, principalmente, o ar. Mente e prana funcionam como as asas que permitem o voo: a mente é o poder da percepção, e o prana o poder da ação.

No yoga, que não tem a respiração como um fim em si, mas como uma ferramenta inerente à sua prática, valoriza-se a pausa e o prolongamento da expiração. Para aprender exercícios específicos, a orientação de um especialista é sempre indispensável: existem diversos métodos que modulam a ventilação dos pulmões por meio de estímulos diferentes

meditar-na-natureza

 

O exercício abaixo une pranayama e mentalização, resultando em uma excelente técnica de vitalização.

CARREGAMENTO ENERGÉTICO DO PLEXO SOLAR

A área entre o umbigo e o encontro das costelas (ponta do esterno) é onde se encontra o plexo solar, no corpo físico, e o chakra manipura, no corpo sutil. Tanto um como o outro são condensadores de energia: desse ponto, o influxo energético se espalha para outras partes do corpo. O carregamento dessa bateria tão importante merece cuidados, especialmente daqueles que se sentem fracos, abatidos, indispostos e deprimidos. Essa é uma técnica de vitalização indicada pelo professor Hermógenes no livro Yoga para Nervosos.

chakras

Deite-se de costas, com a cabeça para o norte e as pernas cruzadas, como em sukhássana. Coloque as mãos, com os dedos trançados de maneira que as unhas fiquem em contato com a palma da outra mão, sobre o plexo solar. Tente relaxar o corpo inteiro, desde o rosto até as mãos e os pés.

Inspire lenta e uniformemente, buscando visualizar uma luz quente e dourada que penetra pelo alto da cabeça, flui através do tórax e se detém na linha formada pelas virilhas. Visualize aí o prana represado, que não consegue escapar porque seus pés estão cruzados.

Expire lenta e uniformemente, traga para cima o prana acumulado e imagine que ele gira no sentido horário em seu plexo solar, como se em seu ventre houvesse um relógio cujo mostrador estivesse em seu umbigo. Imagine o maior número possível de círculos enquanto expira, procurando sentir o calor manifestar-se para todo o seu corpo a partir do plexo solar. Procure fazer esse exercício por no mínimo 15 minutos.

Namastê!

Silvia Oliveira

 

Abster-se do desejo de posse – Aparigraha

Abster-se do desejo de posse – Aparigraha

Aparigraha é o quinto yama (preceitos éticos do yoga) e significa abster-se do desejo de posse ou desistir de cobiçar.

A tendência de acumular bens, que a maioria de nós tem, é bastante explorada pela sociedade atual e pela mídia, que incentiva você a consumir mais e mais: o mais avançado, a tecnologia mais revolucionária, o “0 km”.

Sabendo como funciona a natureza humana e nossas tendências, podemos utilizar estratégias que nos ajudem a não ser presa fácil do consumismo e da ganância.

Não possuir com apego é uma maneira de lidar com o que se recebeu da vida. O pensamento baseado no “eu” e no “meu” tem seu lugar e momento, mas, quando invade indiscriminadamente as várias áreas de nossa vida, precisamos rever valores e prioridades. Existe uma diferença essencial entre ter algo ou ser possuído por esse algo.

Familia-meditando-junta

O medo de perder, de ser roubado, a dependência e/ou apego a outras pessoas, seja direta ou indiretamente, são fatores que causam estresse emocional e doenças, como depressão, síndrome do pânico e ansiedade. Esses medos e apegos podem ter sua raiz na propensão a acumular e na vaidade. Um exemplo é o apego ao corpo, que deve ser bem cuidado, porém sem exageros e sempre com sensatez.

No hatha yoga é muito fácil confundir o aprimorar-se, o estar cada vez melhor, com o número de posturas (asanas) que se conquista, com a flexibilidade, com a aparência. E a dependência do reconhecimento alheio e a vaidade que atitudes desse tipo geram nos roubam a preciosa paz de espírito, tão importante para o verdadeiro avanço na senda do yoga.

posição da criança

Somos confrontados a perceber a importância do contentamento, santosha. Eu posso me alegrar por tudo o que tenho, e não me estressar querendo sempre mais e mais. Posso me esforçar, trabalhar e desejar conquistas materiais, porém numa constante revisão de prioridades. Encontro tempo para coisas realmente importantes? Que sustentam o meu ser? Como praticar yoga, meditação ou um hobby, e estar com a família? Ou invisto toda a minha energia para manter um estilo de vida ostensivo?

Simplificar hábitos – esforçando-se para manter apenas o que você precisa e querendo apenas o que precisa, reconhecendo a tendência à vaidade e cobiça, cultivando gratidão por tudo que tem recebido, e possuindo com desapego – forma um caminho que conduz a uma real satisfação, focada no que realmente importa.

Namastê!

Silvia

Moderação dos sentidos – Brahmacharya

Moderação dos sentidos – Brahmacharya

              “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.”

1 Coríntios 6:12

A tradução literal de Brahmacharya é “caminhar na consciência de Deus”.  Este é o quarto yama (disciplina externa) que nos orienta a preservar energia e canalizá-la da melhor forma, tendo como farol essa consciência divina.

O ser humano possui necessidades primitivas – por comida, sono, sexo e autopreservação. São estímulos instintivos que precisam ser satisfeitos, porém moderação é a palavra chave que deve guiá-los, para que tenhamos saúde, qualidade de vida e paz de espírito. Brahmacharya também significa fazer as coisas bem feitas de maneira a dedicá-las ao Criador.

Podemos perceber como grande parte da nossa vida gira em torno de satisfazer essas necessidades. Como podemos atender a essas demandas sem desperdiçar tanta energia? E, ao invés disso, direcioná-las com sabedoria, de modo a potencializar nosso desenvolvimento pessoal e consequente autotransformação?

O caminho de equilíbrio para lidar com esse dilema é nem reprimir, nem liberar completamente. Assim como em tudo no yoga, você olha para a situação, reconhece a necessidade em si, como se sente a respeito, e a encara com aceitação. Observa e permite uma atividade moderada. Daí você pode ter o controle de parar, se decidir. Por isso o conceito de brahmacharya também está ligado à castidade, que é a temperança na libido – temperança é guardar o equilíbrio; seus opostos são a luxúria e o destempero.

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A moderação em todas as atividades sensuais permite não desvirtuar a sexualidade.

Sabemos que os exageros, em geral, não são saudáveis. Por isso a importância de ser honesto consigo mesmo. Sem comparar-se com os demais.

Mesmo reconhecendo tudo isso, é difícil conquistar esse equilíbrio. Cultivar o contentamento, santosha, nos ajuda a reconhecer tudo o que já temos e a sermos agradecidos. Permite acalmar nossos sentidos percebendo que os excessos nos esgotam, desconcentram e enfraquecem.

Devemos exercitar o autoestudo, svadhyaya, e desenvolver viveka, discernimento, para fazermos boas escolhas. Como por exemplo na alimentação – que seja nutritiva, equilibrada, revigorante. Em relação ao sono, tanto a falta quanto o excesso mostram um desequilíbrio, e você pode rever hábitos, tirando melhor proveito desse momento que pode ser renovador.

Podemos ser mais seletivos na escolha de companhias, livros, filmes etc., para que sejam proveitosos ao desenvolvimento pessoal, tragam riquezas para a personalidade e favoreçam a sanidade psíquica e espiritual.

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Enfim, não se estresse buscando a perfeição, mas busque fazer tudo muito bem feito, o melhor que você conseguir. Como sempre, não existe receita de bolo para conseguir vivenciar os preceitos éticos do yoga. Cada um os experimentará à sua maneira e, com o devido esforço, se desejar, aprenderá a controlar-se, direcionando da forma mais sábia possível a satisfação dos sentidos com equilíbrio, prazer e alegria.

Namastê!

Silvia Oliveira

NÃO ROUBAR – ASTEYA

NÃO ROUBAR – ASTEYA

A palavra steya significa “roubar”. Quando combinada com o prefixo a, seu sentido é invertido, de modo que asteya significa “não roubar”: este é o terceiro yama.

O yoga é um sistema composto de oito partes e, dentre elas, os yamas e niyamas fornecem os preceitos éticos para aprender a viver em harmonia consigo mesmo e com os outros. Precedem as demais etapas em ordem e importância porque, para ser bem-sucedido em sua prática de yoga, é preciso esforçar-se para desenvolver atitudes em relação aos demais e a si mesmo que expressem sanidade interna (psíquica e espiritual).

Esses preceitos são encontrados em várias épocas e culturas no mundo, e por isso Patanjali os chama sarvabhauma, supremos ou universais, pois eles valem para todas as pessoas e em todas as circunstâncias.

Assim como verdade, satya, o exercício de não roubar, asteya, traz paz de espírito e afasta os medos. E esta paz interior é essencial para ter saúde em todas as dimensões da vida. As atitudes externas refletem nossa visão de mundo, sentimentos e pensamentos –aspectos interiores que sofrem inúmeras influências, desde a infância, do ambiente familiar, escolar, profissional etc. E com tantos modelos de comportamento, algumas vezes não muito exemplares, e também nossa própria tendência humana distorcida, é necessário muita força de vontade para fazer as escolhas que realmente beneficiem ao “todo”, seja na convivência em sociedade ou pessoalmente.

Em todos os aspectos da prática do yoga, observamos a necessidade de autodisciplina, ou tapas. No dia a dia, apesar de surgirem inúmeras ocasiões que possam sugerir o roubo de algo material ou sutil de outrem, através de sua consciência disciplinada, conhecedora e praticante dos princípios yogues você fará escolhas benéficas para si e o próximo. E por mais argumentos que a mente possa usar para convencê-lo, através da inteligência treinada em autoestudo, svadhyaya, você terá o arsenal necessário para ser bem-sucedido, sem comprometer sua paz ou o exercício de não violência, ahimsa.

guerreiro yoga

A aparente vantagem de conquistas fáceis, roubando os bens alheios, deteriora o ser. Esse roubo pode acontecer de muitas maneiras, seja de ideias, de tempo, de paciência do outro. E pode ocorrer em relação a si mesmo. Por exemplo, quando você rouba seu tempo com coisas supérfluas e negligencia as prioritárias.

Vivemos em uma sociedade que valoriza muito mais o ter do que o ser. E muitas vezes essa conduta consumista pode incentivar a posse dos bens materiais a qualquer custo. Daí a importância de cultivar os preceitos do yoga, conhecendo, estudando e praticando.

Namastê!

Silvia Oliveira

 

Verdade x Não mentir -Satya

Verdade x Não mentir -Satya

“A verdade é totalmente interior. Não há que a procurar fora de nós nem querer realizá-la lutando com violência contra inimigos exteriores.” Gandhi

A palavra sat, em sânscrito, significa “aquilo que existe, aquilo que é”. Satya, por sua vez, significa “veracidade” – ver e relatar as coisas como elas realmente são, e não como gostaríamos que fossem.

Como em todos os yamas e niyamas, para conquistar satya é necessário um exercício interno constante, de autoconhecimento. Falar a verdade depende de pensar e sentir a  verdade. E de reconhecer os autoenganos e a tendência do ser humano a enganar os demais.

É preciso ser honesto consigo mesmo. Como estão meus pensamentos? Reconheço minhas emoções de egoísmo, narcisismo e cegueira mental? Sim, a cegueira de não querer ver os problemas, por exemplo. Quantas mentiras não são ditas em forma de fugas, por não querer ver as coisas como realmente são. Exatamente porque, se você olhasse para essas verdades, teria de se transformar.

Por exemplo, durante a prática do hatha yoga, você se observa e identifica como está. Distraído ou concentrado? Sentindo alguma dor ou desconforto? E a respiração? Tranquila ou acelerada? Assim você traz consciência ao corpo, respeitando seus limites, e busca ajustar-se na posição (asana) quando seu corpo encontra conforto e equilíbrio na postura estável, sem contrações dolorosas, sem angústias.

Traz consciência à respiração. Com a prática é possível identificar qual tipo de respiração determinado asana pede. E também consciência na mente, que é estar no momento presente, é cultivar o estado de presença, estar no aqui e agora.

Mas você notou que o primeiro passo foi o reconhecimento de como se está? A aceitação sem mentir, sem se culpar ou enaltecer, sem se martirizar, apenas reconhecer: olhar.

meditar-na-praia

A mentira costuma percorrer o caminho mais fácil, a verdade segue a vereda do esforço. O desafio é não enganar a si mesmo, não cultivar as ilusões. Com esse treino interno, a expressão da verdade tende a transparecer.

Por isso é preciso estar comprometido com esse caminho da verdade. Assim como tudo no yoga, a expressão da verdade tem de ser na prática. Não adianta nada saber o que é certo e não fazer o que é certo. Pensar, agir com verdade não é impossível. Pode ser difícil, mas não impossível.

A veracidade implica honestidade, bondade e força mental e espiritual.

A honestidade traz paz de espírito e afasta os medos.

O falar deve estar revestido de bondade, de cuidado para não ferir, não magoar, não ofender.

Vivemos em uma cultura de imediatismos, ou seja, não importa o que se pense, fale ou faça, contanto que se consigam benefícios agora. É necessária muita força mental e espiritual para vivenciar a expressão da verdade.

Por isso verdade, satya é parte integrante dos yamas (disciplina externa) e completa a base que fundamenta toda a prática do hatha yoga.

Através do exercício de não mentir é possível lapidar o caráter, cultivar a estabilidade interior e realizar um bem real a si mesmo e ao próximo.

Namastê!

Silvia Oliveira

Não violência – ahimsa

Não violência – ahimsa

“Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz.”

John Lennon

Não violência é sinônimo de paz. É uma paz, entretanto, que provém do esforço interno de ser pacífico – e não da passividade.

O entendimento pacífico entre um casal, na família, na comunidade, na sociedade etc., não significa necessariamente que concordamos com a opinião, a visão, a postura do outro, mas que aceitamos a discordância, que tratamos o próximo da mesma maneira como desejamos ser tratados. E, para ter esse parâmetro, é preciso ser não violento consigo mesmo. Ter respeito por suas necessidades psicológicas fundamentais. Isso é “amar o próximo como a si mesmo”.

Ahimsa é a não violência em suas variadas formas, seja verbal, física e psicológica.  Como ser pacífico num mundo violento? É preciso acreditar na verdade e força que essa paz contém. É necessário um esforço constante de viver pacificamente. De exemplificar essa crença. Não é fácil, mas como todos os princípios que fundamentam a prática do yoga, quando vivenciados, são enriquecedores.

meditação polícia

Grande exemplo de como é possível conquistar importantes transformações sem violência, é Mahatma Gandhi. Ele nos mostrou como responder a agressão. Munido de uma vontade inabalável, enfrentou as injustiças, convicto das verdades em que se baseava. Sem revidar com força física.

Mas tudo isso pode parecer simplesmente uma forma de ser pacato. De ser feito de bobo. De sair perdendo…

Para que todos saiam ganhando, é preciso converter a direção. A forma de lidar. De olhar. Alimentando o cérebro com estímulos pacíficos, equilibrados, iluminados.

Como a prática de yoga pode nos ajudar a ter pensamentos, sentimentos e atitudes mais pacíficos?

Praticar o hatha yoga facilita o caminho do autoconhecimento. Favorece a intimidade consigo mesmo. Com sua mente, corpo e espírito. Primeiro identificando o que não está bem. Estou com raiva? Com medo? Com rancor? Como esses sentimentos inflamam as atitudes violentas em mim? Também percebendo o quanto pode ser violento consigo mesmo. Respeito meus limites? Meu corpo? Minhas necessidades?

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E te ajuda a concentrar, relaxar, a silenciar. A fazer outras conexões cerebrais.

O yoga nos dá os instrumentos para viver dessa maneira mais consciente. Consciente de si, do outro e da natureza. E para isso é importante incorporar os princípios básicos que fundamentam a prática do hatha yoga. Numa trilha em que uma coisa boa leva a outra. A prática de yoga te ajuda a se conhecer melhor, te conduzindo a ser mais pacifico, amoroso e paciente. E notar quando está longe disso e encontrar o caminho de volta ao “ser”.

Namastê!

Silvia Oliveira

DEVOÇÃO – ISHVARA PRANIDHANA

DEVOÇÃO – ISHVARA PRANIDHANA

Lembrando que os niyamas são preceitos que devem reger as atitudes do praticante de yoga em relação a si mesmo, conforme Patanjali prescreve em seus sutras. São um total de cinco, dos quais já vimos quatro, que são: contentamento (santosha), autodisciplina (tapas), autoestudo (svadhyaya) e purificação (saucha). Veremos agora ishvara pranidhana. Ishvara refere-se a toda consciência onipresente; pranidhana significa ”render-se”. Juntas, essas palavras são frequentemente traduzidas como “devoção”, que implica fé. Como você vai direcioná-la, dependerá também de suas crenças. O que percebo é que em essência essa “devoção” se traduz como um expressivo “sim” à vida. Acreditar que existe bondade na vida, que ela é nossa aliada e não inimiga. A famosa frase do Professor Hermógenes mostra essa atitude: “Entrego, confio, aceito e agradeço”. O que não significa apatia ou comodismo.

Quando praticamos hatha yoga, o estado meditativo que permeia toda a prática demanda essa confiança e entrega. Por isso Patanjali em sua codificação do sistema de yoga em oito partes, prioriza a vivência dos preceitos éticos, yamas (disciplina externa) e niyamas (disciplina interna) que precedem os asanas (exercícios psicofísicos), pranayama(exercícios respiratórios), pratyahara (abstração dos sentidos) e samyama (yoga mental).
atitude

O exercício de ishvara pranidhana produz no praticante um estado de espírito sereno, confiante e traz o reconhecimento da interconexão que temos com tudo e com todos ao nosso redor. Assim como precisamos ser cautelosos, práticos e lógicos para sobrevivermos, temos de cultivar a capacidade de realizar, de compreender a real conexão que temos com todos os seres viventes. Esse equilíbrio interno tem correspondência em nosso comportamento no dia-a-dia. Tornando os relacionamentos em todas as áreas da vida mais bem sucedidos e harmoniosos.

Namastê!

Silvia Oliveira
meditação natureza