Moderação dos sentidos – Brahmacharya

Moderação dos sentidos – Brahmacharya

              “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.”

1 Coríntios 6:12

A tradução literal de Brahmacharya é “caminhar na consciência de Deus”.  Este é o quarto yama (disciplina externa) que nos orienta a preservar energia e canalizá-la da melhor forma, tendo como farol essa consciência divina.

O ser humano possui necessidades primitivas – por comida, sono, sexo e autopreservação. São estímulos instintivos que precisam ser satisfeitos, porém moderação é a palavra chave que deve guiá-los, para que tenhamos saúde, qualidade de vida e paz de espírito. Brahmacharya também significa fazer as coisas bem feitas de maneira a dedicá-las ao Criador.

Podemos perceber como grande parte da nossa vida gira em torno de satisfazer essas necessidades. Como podemos atender a essas demandas sem desperdiçar tanta energia? E, ao invés disso, direcioná-las com sabedoria, de modo a potencializar nosso desenvolvimento pessoal e consequente autotransformação?

O caminho de equilíbrio para lidar com esse dilema é nem reprimir, nem liberar completamente. Assim como em tudo no yoga, você olha para a situação, reconhece a necessidade em si, como se sente a respeito, e a encara com aceitação. Observa e permite uma atividade moderada. Daí você pode ter o controle de parar, se decidir. Por isso o conceito de brahmacharya também está ligado à castidade, que é a temperança na libido – temperança é guardar o equilíbrio; seus opostos são a luxúria e o destempero.

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A moderação em todas as atividades sensuais permite não desvirtuar a sexualidade.

Sabemos que os exageros, em geral, não são saudáveis. Por isso a importância de ser honesto consigo mesmo. Sem comparar-se com os demais.

Mesmo reconhecendo tudo isso, é difícil conquistar esse equilíbrio. Cultivar o contentamento, santosha, nos ajuda a reconhecer tudo o que já temos e a sermos agradecidos. Permite acalmar nossos sentidos percebendo que os excessos nos esgotam, desconcentram e enfraquecem.

Devemos exercitar o autoestudo, svadhyaya, e desenvolver viveka, discernimento, para fazermos boas escolhas. Como por exemplo na alimentação – que seja nutritiva, equilibrada, revigorante. Em relação ao sono, tanto a falta quanto o excesso mostram um desequilíbrio, e você pode rever hábitos, tirando melhor proveito desse momento que pode ser renovador.

Podemos ser mais seletivos na escolha de companhias, livros, filmes etc., para que sejam proveitosos ao desenvolvimento pessoal, tragam riquezas para a personalidade e favoreçam a sanidade psíquica e espiritual.

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Enfim, não se estresse buscando a perfeição, mas busque fazer tudo muito bem feito, o melhor que você conseguir. Como sempre, não existe receita de bolo para conseguir vivenciar os preceitos éticos do yoga. Cada um os experimentará à sua maneira e, com o devido esforço, se desejar, aprenderá a controlar-se, direcionando da forma mais sábia possível a satisfação dos sentidos com equilíbrio, prazer e alegria.

Namastê!

Silvia Oliveira