A palavra steya significa “roubar”. Quando combinada com o prefixo a, seu sentido é invertido, de modo que asteya significa “não roubar”: este é o terceiro yama.
O yoga é um sistema composto de oito partes e, dentre elas, os yamas e niyamas fornecem os preceitos éticos para aprender a viver em harmonia consigo mesmo e com os outros. Precedem as demais etapas em ordem e importância porque, para ser bem-sucedido em sua prática de yoga, é preciso esforçar-se para desenvolver atitudes em relação aos demais e a si mesmo que expressem sanidade interna (psíquica e espiritual).
Esses preceitos são encontrados em várias épocas e culturas no mundo, e por isso Patanjali os chama sarvabhauma, supremos ou universais, pois eles valem para todas as pessoas e em todas as circunstâncias.
Assim como verdade, satya, o exercício de não roubar, asteya, traz paz de espírito e afasta os medos. E esta paz interior é essencial para ter saúde em todas as dimensões da vida. As atitudes externas refletem nossa visão de mundo, sentimentos e pensamentos –aspectos interiores que sofrem inúmeras influências, desde a infância, do ambiente familiar, escolar, profissional etc. E com tantos modelos de comportamento, algumas vezes não muito exemplares, e também nossa própria tendência humana distorcida, é necessário muita força de vontade para fazer as escolhas que realmente beneficiem ao “todo”, seja na convivência em sociedade ou pessoalmente.
Em todos os aspectos da prática do yoga, observamos a necessidade de autodisciplina, ou tapas. No dia a dia, apesar de surgirem inúmeras ocasiões que possam sugerir o roubo de algo material ou sutil de outrem, através de sua consciência disciplinada, conhecedora e praticante dos princípios yogues você fará escolhas benéficas para si e o próximo. E por mais argumentos que a mente possa usar para convencê-lo, através da inteligência treinada em autoestudo, svadhyaya, você terá o arsenal necessário para ser bem-sucedido, sem comprometer sua paz ou o exercício de não violência, ahimsa.
A aparente vantagem de conquistas fáceis, roubando os bens alheios, deteriora o ser. Esse roubo pode acontecer de muitas maneiras, seja de ideias, de tempo, de paciência do outro. E pode ocorrer em relação a si mesmo. Por exemplo, quando você rouba seu tempo com coisas supérfluas e negligencia as prioritárias.
Vivemos em uma sociedade que valoriza muito mais o ter do que o ser. E muitas vezes essa conduta consumista pode incentivar a posse dos bens materiais a qualquer custo. Daí a importância de cultivar os preceitos do yoga, conhecendo, estudando e praticando.
Namastê!
Silvia Oliveira