“Inteligente é quem outros conhece,
Sapiente é quem conhece a si mesmo.
Forte é quem outros vence,
Poderoso é quem domina a si próprio.”
(Lao Tsé).
Inicialmente, podemos observar no cotidiano da grande maioria das pessoas que vivem nas grandes cidades, a tendência de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e fazê-las de forma acelerada. Com a tecnologia da comunicação instantânea e virtual, cultiva-se a pressa.
Muitas vezes nos encontramos em situações que demandam rapidez, porém nos enganamos ao acreditar que para algo ser bem feito, temos de estar acelerados e tensos internamente. Essa se tornou uma cultura nos tempos modernos e exige de nós consciência. Esse modo de fazer as coisas é uma deformação. Tornada um hábito, ela adoece a todos cada vez mais.
O yoga propõe a atenção ao momento presente e a conquista gradual do autoconhecimento do corpo, respiração, mente e espírito. O que se traduz em respeito aos próprios limites e também aos limites do próximo. No hatha yoga notamos o ensino e cultivo desses conhecimentos em vários aspectos, como, por exemplo, durante os asanas (posições de yoga), pelos quais praticamos a permanência:
– na posição em si;
– na atitude de presença (estar por inteiro no aqui e agora);
– no respeito aos próprios limites, levando em consideração a sua história corporal, sem comparar-se com outros;
– na consciência da respiração etc.
Devemos estar atentos ao nosso modo de encarar a nossa vida e consequentemente a prática de yoga. Se nos deixamos impregnar pela cultura da “correria”, vendo vantagem em ser apressado, podemos trazer esses valores para todos os âmbitos da vida. E isso sem nos dar conta, quando menos esperamos.
Se olharmos à nossa volta, vamos enxergar essa “atitude apressada”, de disputa, competitividade e desrespeito em muitos momentos. No trânsito, no relacionamento com os demais no ambiente familiar, profissional, escolar etc. Na verdade, é bem fácil notar esses comportamentos na vida social, fora de nós.
Se prestarmos mais atenção, veremos que nós mesmos agimos de acordo com o padrão da pressa. E como podemos tomar consciência dessas atitudes e agir de maneira mais saudável? As mudanças, para serem efetivas precisam começar individual e internamente.
O primeiro passo é reconhecer os próprios erros, as suas tendências e intenções. Depois, é preciso “brecar” a vontade invertida. Um caminho é a meditação, que, no hatha yoga, costuma vir depois de um preparo feito através de exercícios psicofísicos e respiratórios, que envolvem também o relaxamento. Ao meditar, o praticante procura um espaço entre os pensamentos, faz um esforço para não conversar com eles. Desse modo, evita que os pensamentos ganhem volume e, por assim dizer, tomem conta da cena interior. Dar atenção a uma coisa por vez exige esforço, assim como todas as atitudes que podem trazer benefícios. Não se iluda: fazer o bem (para si e o próximo) não flui naturalmente. É necessário esforçar-se.
O treino ajuda muito. É possível treinar maneiras de se concentrar em uma atividade por vez, desfazendo o excesso de tensão interna. No processo de autoconhecimento, a consciência vem primeiro. Em seguida, vem a força de vontade. Na prática, o yoga oferece instrumentos que nos ajudam nesse desafio.
Namastê!
Silvia Oliveira